A arte barroca (séc. XVII e XVIII) que se
desvela dentro de uma historicidade,
estabelecida como ideologia religiosa (em
defesa da Contra-Reforma), política (poder
Absolutista), colonialista - empregada como
missão de persuasão e aculturação (domínio de ânimos dos colonizados) - e criada pela
Igreja Católica, respaldada pelo Concílio de
Trento (1563) que ditou as regras dessa arte,
transforma a estética em objeto de propaganda
de um status quo e em manutenção da ordem
social-política-religiosa. Em solo
pernambucano, os portugueses trouxeram a
ideologia, o esboço da sua arte barroca. Não
foram inócuos, mas a própria região deu conta
de trabalhar o estilo Barroco com
características peculiares.
Olinda, a primeira capital, com seus belos
monumentos, erguidos entre manguezais pelos
portugueses como o Mosteiro de São Bento, o
Convento dos Franciscanos, são respeitados
pela cidade nova. Desse modo, tornou-se um
simples arrabalde.
Devido a ocupações e invasões, o traçado
arquitetônico tanto em Recife como em Olinda
acompanhava esses dois fatores. Ora
conservados, ora destruídos. A hibridez entre a vitória dos vencedores e o fracasso dos
vencidos resultou em novas igrejas e no
desgaste de vários monumentos causado pelos
conflitos. Em 1654, os holandeses foram
expulsos. Como conseqüência das batalhas
deixaram Recife arrasada. Dos escombros, a
cidade se ergueu atrelada ao Barroco. Igrejas
setecentistas surgiram à beira das águas dos
canais e dos rios.
Devemos ponderar, antes de mais nada,
uma premissa básica: o barroco brasileiro de
Setecentos foi um braço do de Portugal;
distintos, contudo complementares. As
características formais do barroco português
são a curvilinealidade, com referências à
pompa do maneirismo jesuítico de Quinhentos
e Seiscentos.
O barroco brasileiro adquiriu feição
extremamente original em igrejas como as de
Minas Gerais, Salvador, Recife, Olinda e Rio de
Janeiro. O novo está no tratamento elegante à pedra, como também na criatividade e
opulência de sua talha, de delicado recorte
coberta de ouro. Assim como, o foco da
dramaticidade na escultura sacra (em madeira
ou em pedra-sabão) subverte o divino para se
tornar mais humano. Em Aleijadinho vemos a
quintessência, o baluarte, desta dramaticidade
artística. Nosso imaginário apresentou-se mais
carregado de emoções e sentimentos
humanos.
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